sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A FIRMEZA DA RODA


Nos idos do século III a.C., o colapso da dinastia Qin acabava de se completar. Subia ao poder a dinastia Han, cujo imperador, Liu Bang, unificara a China. Para comemorar o feito, Liu Bang, convidou o primeiro escalão do exército e da polícia, além de poetas e professores, para uma grande festa. Entre os convidados estava Chen Cen, o mestre a quem Liu Bang costumava procurar para obter conselhos durante sua campanha de unificação. O banquete foi o maior já visto. Ao centro da mesa sentou-se Liu Bang com seus três chefes maiores: Xiao He, que administrou a logística das guerras pela unificação; Han Xin, que organizou e liderou as batalhas; e Chang Yang, que formulou a estratégia diplomática e política do novo império. Em outra mesa sentaram-se Chen Cen e três discípulos.

Enquanto a comida era servida, liam-se discursos, distribuíam-se condecorações, artistas se exibiam aos convidados. Todos pareciam alegres – menos os discípulos de Chen Cen, “Mestre”, um deles falou, “tudo é grandioso e apropriado para a ocasião, mas a razão das comemorações é um enigma para nós”. Sentindo a hesitação do discípulo, o mestre gentilmente o encorajou a continuar. “No centro da mesa está Xiao He. Seu conhecimento sobre logística não pode ser questionado. Sob sua administração, os soldados estiveram sempre bem alimentados e armados, qualquer que fosse o território. Próximo a ele está Han Xin, cujas técnicas militares são irrepreensíveis. Ele sabe exatamente onde emboscar o inimigo, quando avançar, quando retroceder. Ele venceu todas as batalhas. Por último está Chang Yang, que conhece a dinâmica da política e da diplomacia como a palma de sua mão. Ele sabe com qual país alinhar-se, como ganhar favores políticos ou afastar um chefe político sem causar brigas. O que não conseguimos entender é o próprio imperador. Ele não pode reivindicar conhecimento em logística, batalhas ou diplomacia. Então, como é que pode ser ele o imperador?”

O mestre sorriu e convidou seus discípulos a imaginar a roda de uma carruagem. “O que determina a resistência de uma roda que leva adiante a carruagem?”, ele perguntou. Depois de um momento de reflexão, um dos discípulos respondeu: “não é a firmeza dos raios da roda, mestre?” Ao que o mestre replicou: “Por que, então, duas rodas feitas de raios idênticos diferem entre si em resistência? Vejam além do que pode ser visto. Nunca se esqueçam de que uma roda não é feita apenas de raios, mas de espaços que separam esses raios. Raios fortes mas dispostos erradamente fazem uma roda fraca. O potencial pleno desses raios depende da harmonia com que sejam dispostos. A essência na arte de fazer rodas de carruagem está na habilidade do artesão de conceder e criar o espaço que balanceia os raios. Agora me digam, quem é o artesão aqui nesta festa?”.

Fez-se o silêncio, até que o outro discípulo perguntasse: “Mas, mestre, com um artesão se assegura da harmonia entre os raios?” O mestre respondeu: “Pense na luz do sol. Em qual direção crescem as árvores e as flores, a não ser buscando a luz? O mesmo faz um artesão como Liu Bang. Depois de colocar indivíduos em posições em que liberam todo seu potencial, ele assegura ao lhes dar crédito pelas conquistas. Ao final, como as flores e as árvores que crescem voltadas para o sol, os indivíduos crescem voltados para Liu Bang, com devoção”.

Um comentário:

Um desejo sem ousadia deixa a desejar. disse...

Amigo aonde você achou a Imagem com a roda .. http://bp2.blogger.com/_XmVZ7rvsHJQ/SF5WMY65vpI/AAAAAAAAAXA/1gJjGRN-Qcs/s1600-h/Roda+da+Carro%C3%A7a.jpg

obrigado..