sexta-feira, 21 de março de 2008

GOIÂNIA - Empresária tortura menina de 12 anos


Silvia Calabresi de Lima foi presa em flagrante sob suspeita de torturar a menina que criava.
Terça, 18 de março de 2008, 14h03 Atualizada às 22h33
Márcio Leijoto

A empresária Sílvia Calabresi de Lima, 42 anos, presa ontem sob suspeita de torturar e manter uma menina de 12 anos em cárcere privado, teria maltratado uma outra adolescente em Goiânia (GO), segundo informações da polícia. Hoje, uma menina de 11 anos foi prestar depoimento à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Ela teria sido torturada pela empresária durante um ano, mas conseguiu fugir e se mudou com a família para outra cidade.

Inicialmente, a polícia divulgou que a menina que fez a denúncia hoje teria 15 anos, mas a informação foi retificada. Nesta manhã, a empresária Sílvia Calabresi foi encaminhada para uma cela da Casa de Prisão Provisória (CPP). Ao sair das dependências da DPCA, ela disse à imprensa que se considera uma pessoa normal. "Eu a colocava de castigo, mas era normal, deixava ela sentada", disse aos jornalistas. A empregada de Silvia, Vanice Maria Novaes, 23 anos, detida junto com ela, também foi levada para a CPP.

O marido da empresária, o engenheiro Marco Antonio Calabresi, deve se apresentar hoje à tarde para a delegada Adriana Accorsi, titular da DPCA. O advogado dele antecipou à polícia que ele não sabia das torturas, mas a polícia não descarta a possibilidade de indiciá-lo.

No apartamento de 600 m² no Setor Marista, uma das áreas mais valorizadas de Goiânia, ainda viviam um filho do casal de três anos de idade e a mãe da empresária, uma idosa de 83 anos. O filho do casal não sofria nas mãos da mãe, segundo a polícia.

A menina de 12 anos foi encontrada amordaçada com um pano embebido em pimenta. Ela estava amarrada em uma escada, com os pés suspensos no ar e envoltos - assim como as mãos - em sacos plásticos. Os olhos estavam inchados.

A adolescente libertada na segunda-feira disse na delegacia que era vítima de tortura há mais ou menos 4 meses, e que era tratada como "filha do demônio" e que "seria castigada". Ela seria também obrigada a fazer trabalhos domésticos. Segundo o relato, as sessões de tortura envolviam alicates, cadeados, mordaça, pimenta nos olhos e na boca, mutilações nos dedos e na língua, sono interrompido, agressões físicas e pressão psicológica.

Os pais biológicos da menina de 12 anos, Lourenço Rodrigues e Joana D'Arc da Silva, estiveram pela manhã na DPCA, onde depuseram. Eles são divorciados e disseram que não sabiam que a filha estava passando por esta situação. A delegada ainda analisa se devolve a criança aos cuidados dos pais. "Diante de tudo que verificamos junto ao Conselho Tutelar, nós esperamos que a criança permaneça sob os nossos cuidados por este momento".

Redação Terra: http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI2688263-EI5030,00.html

Sinais de maus tratos (23-03-2008). Imagem retirada de: http://www.paraiba.com.br/noticia.shtml?64255



Advogado de empresária suspeita de tortura quer exame psicológico: http://midiacon.com.br/materia.asp?id_canal=14&id=8864




Imagem de menina torturada, em Goiânia: http://bomdiabrasil.globo.com/Jornalismo/BDBR/0,,AA1676336-3682-806827,00.html





Jovem diz ser 3ª vítima de tortura por empresária
Márcio Leijoto
Direto de Goiânia

Uma susposta terceira vítima da empresária Sílvia Calabresi de Lima, 42 anos, depôs hoje à tarde no 5º Distrito Policial de Aparecida de Goiânia (GO). Segundo a polícia, Lorena Coelho Reis, 20 anos, disse que morou com Silvia quando tinha 14 anos e foi vítima de maus tratos por quase um ano.

"Eu achei que tinha parado em mim, mas pelo que vi não (parou)", disse. Sílvia foi presa em flagrante na manhã de ontem, junto com a empregada doméstica Vanice Maria Novaes, 23 anos, acusadas de torturar e manter sob cárcere privado em seu apartamento em um bairro nobre de Goiânia uma menina de 12 anos por dois anos.

Segundo a delegada Carolina Paim, titular do 5º DP de Aparecida, Lorena disse que era submetida a maus tratos, trabalho escravo e não podia manter contato com a família. Também afirmou que passou fome muitas vezes. Conseguiu fugir no aniversário de 15 anos, quando Sílvia a deixou dormir na casa do pai. A suposta vítima disse que, no tempo em que ela ficou na casa da suspeita, era vedado seu acesso à geladeira, ao armário com comida e ao telefone.

Lorena teria conhecido Sílvia quando foi procurar emprego em um salão de beleza. Segundo a polícia, a empresária lhe ofereceu uma chance como empregada em sua casa, na época em um condomínio fechado. Antes de completar 15 anos, parou de reclamar dos maus tratos, conseguindo a confiança de Sílvia. Na festa de aniversário, a empresária a deixou dormir na casa do pai. Ela aproveitou a chance para falar sobre as agressões e fugir.

Hoje pela manhã, a delegada Adriana Accorsi, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que responde pelo caso, ouviu uma adolescente de 11 anos que também teria sido maltratada pela empresária há seis anos.

De acordo com a polícia, Lorena disse que conheceu a susposta vítima de 11 anos e que teria visto algumas cenas de maus tratos contra a criança.

A menina de 11 anos disse à delegada Adriana Accorsi que, durante quatro meses, sofreu maus tratos parecidos com a da menina de 12 anos libertada na segunda-feira. Ela disse ter sido espancada com mangueira, queimada na mão com ferro de passar roupa, tido os olhos e a boca atingidos por molho de pimenta e sido amarrada diversas vezes.

Nos casos das meninas de 11 e 12 anos, a empresária teria pedido às mães que a deixasse "oferecer uma vida melhor" às jovens.

O caso da menina de 11 anos foi denunciado na época ao Conselho Tutelar pela escola onde a menina estudava. Sílvia foi processada e condenada a prestar serviços comunitários.

O engenheiro Marcos Antônio Calabresi, marido de Sílvia, não compareceu hoje à tarde para depor, como combinado na DPCA. O advogado de defesa da família disse que ele está "psicologicamente abalado", mas deve se apresentar na quarta-feira pela manhã. A delegada disse que pode indiciá-lo por omissão e que se ele não se apresentar até o fim do inquérito irá pedir sua prisão preventiva.

Marco Antonio afirma - por meio do advogado - desconhecer as agressões praticadas pela mulher. Contudo, em entrevista a uma emissora local, a menina de 12 anos revelou que uma vez o engenheiro a encontrou amordaçada com um pano embebido com pimenta e prometeu tirá-la da casa, sem nunca ter cumprido a promessa.

Sílvia e Vanice foram encaminhadas na terça-feira de manhã para a Casa de Prisão Provisória (CPP), na região metropolitana de Goiânia. A empresária culpa a empregada pela tortura à menina, e que a "sua culpa" foi omitir o fato. Já a empregada diz que era ameaçada pela patroa - que a pediria para amarrar e colocar pimenta na menina.

A menina libertada na segunda-feira confirmou à imprensa hoje que a empregada a amarrava e a agredia em troca de alívio no serviço. E confirmou que a empresária a torturava. Os pais biológicos da menina de 12 anos a encontraram hoje à tarde no abrigo onde ela foi acolhida desde que foi libertada pela polícia. Eles confirmaram pela manhã que não sabiam das agressões.

O Conselho Tutelar de Goiânia vai pedir à Justiça que a menina permaneça no abrigo por pelo menos dois meses, até se recuperar psicologicamente. Os pais biológicos vão passar por uma avaliação social para saber qual deles têm condições de cuidar da menina. Adriana Accorsi disse que, em depoimento, a criança só falava no nome do pai.

Redação Terra: http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI2689883-EI5030,00.html





O engenheiro civil Marco Antônio Calabresi Lima, marido da empresária Sílvia Calabresi Lima, será indiciado na próxima semana por omissão em caso de tortura. A decisão foi tomada nesta quarta-feira pela delegada Adriana Accorsi, após ouvi-lo no inquérito policial que investiga casos de tortura e cárcere privado na residência do casal. Sílvia e Antônio são casados há 23 anos. Menina de rua e depois criada num orfanato em Goiânia, ela trocou o sobrenome Caetano de Souza pelo Calabresi Lima do marido. "Eu não tinha conhecimento desse caso", disse à delegada, que há dois dias, com uma equipe de agentes da Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA) libertou a menina L., de 12 anos, que estava presa por correntes, com parte do corpo suspenso, amordaçada e com um dente quebrado, no andar superior da cobertura do casal. "Sempre trabalhei fora", disse o engenheiro, que há menos de 30 dias deixou uma construção que tocava em Brasília para retornar à capital goiana. "Jamais esperava isso", disse, em voz baixa. Defendeu a personalidade da mulher: "Ela não tinha desequilíbrio", disse. "Ela sempre foi a comandante, em casa, e não era agressiva", afirmou, após dizer que "muito a amava". Segundo um tio dele, Jaime Carneiro, o engenheiro trabalhou em São Paulo, Rio e Brasília. Voltou para Goiânia em fevereiro com o objetivo de coordenar uma obra na vizinha Aparecida de Goiânia. "Ele não passava mais que 30 dias em casa", afirmou. "Sabia muito pouco sobre o que ocorria no dia-a-dia da família", diz. Segundo relatos de amigos dele, Antônio é calmo e tranqüilo fala pouco, gosta de silêncio, e tem como especialidade dirigir construções complexas. Pena Para a delegada, a ausência e o desconhecimento, mesmo que comprovados, não poderão livrar o marido da empresária de ser preso, se for condenado por omissão, cuja pena prevista é de quatro anos de reclusão. "Para o inquérito, ele (Antônio) não trouxe novidade", afirmou. Para a policial, há fatos inexplicáveis que não foram esclarecidos. Por exemplo, afirmou, a menina procurou-o há dez dias relatando sobre um dente quebrado - que a polícia descobriu que teria sido a martelada pelas mãos da empresária. "Olha aqui", disse L, para o engenheiro, apontando para a boca aberta e a fratura. "Ela (Sílvia) quebrou o meu dente." Durante o depoimento, o engenheiro disse desconhecer o caso. Mas, em seguida, revelou o diálogo, disse à delegada que sabia estar a menina fora da escola desde agosto. Também sabia que a menina dormia na área de serviço na cobertura em que mora com a mulher, mais a sogra Lourdes, de 82 anos, dois dos três filhos do casal - o mais velho mora em São Paulo -, a empregada Vanice Maria Novais, que foi presa sob acusação de amarrar e torturar a menor, e um bebê da empregada doméstica.


Reportagem retirado de:http://www.uai.com.br/UAI/html/sessao_7/2008/03/19/em_noticia_interna,id_sessao=7&id_noticia=55344/em_noticia_interna.shtml

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